sábado, 7 de março de 2015

CONVERSAS SEM SENTIDO
Na minha terra findos os “entardeceres”, a noite não vem das montanhas, mas emerge devagar das tocas e das grutas tomando paulatinamente conta da serra, embrulhando a aldeia numa obscuridade desbotada.
Entrei em casa, a penumbra retinha o interior numa quietude sepulcral, e o odor subtil de uma presença feminina, parecia ainda subsistir nas pétalas das flores dispersas nos solitários. Ilusão ou reminiscência de outros tempos? Não sei. O meu desejo é que me aconteça algo de imprevisto, pois decidi-me por aquilo que, ironicamente designo de, “tirar férias da vida” por uns dias, ou, talvez por umas semanas. Se quiserem saber como vivo quando estou sozinho, o que vos posso dizer, é que, de noite com o quarto às escuras e os vidros iluminados da janela pela luz difusa vinda do exterior, permitem-me ver a sala onde os meus pensamentos, depois de usados, ali ficam sentados, macambúzios, e aborregados, tal qual os fregueses, na sala de espera de um mau advogado, sem resposta e constrangidos na impossibilidade de saberem se os tempo actuais, não serão o advento de uma nova era.
João Filipe

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