
Uma das grandes invenções do século XIX, a escola pública e o trabalho até então feito, foi destruído no nosso século por falta de capacidade de aproximar as crianças da leitura. Para que tudo isto acontecesse, contribuíram diversos factores nos processos utilizados: a absurda formação da maioria dos professores; a repulsa sistemática por parte dos interlocutores pelo trabalho duro; e a excessiva afeição aos aparelhos electrónicos.
Durante o último estádio de decadência escolar tanto na Europa como nos Estados Unidos da América os reparos voltaram-se para a «família» e os pais foram culpados pelo estado da situação, e acusados pelo pouco envolvimento no trabalho escolar dos filhos, no desconhecimento total ou parcial das suas actividades lectivas, e a ausência nas relações e conhecimento dos professores, insurgindo-se por fim com adversidade, quando as proles eram admoestadas. Era essencial que fizessem parte da instituição e não fracção a excluir, devidamente sustentados e apoiados pelo Estado.
Perante todos estes insucessos e desgraças era inevitável perguntar o que era efectivamente a família nestes tempos demóticos?
O movimento revolucionário sexual dos pós guerra mudou completamente o panorama, e alterou visceralmente o conceito dos «valores familiares». Sem ter desaparecido a forma de união tradicional (casamento católico), as cambiantes antes inusitadas começaram a proliferar graças aos «média» e aos «audiovisuais» e às necessidades cada vez mais opressivas do «nível de vida»: famílias em que tanto o homem como a mulher tinham que trabalhar; famílias monoparentais; em que o chefe de família podia estar desempregado ou em risco de ser exonerado do seu trabalho; famílias com crianças de pretéritos matrimónios; casais de homossexuais com crianças perfilhadas ou filhos de um deles. Para tudo isto a solução encontrada foram: as creches; as misericórdias e os tão aconchegados orfanatos quando visitados pelas câmaras de televisão e frios e desumanos o resto dos outros dias.
Perante este cenário, era difícil adaptar horários desenvolver afectos e competências para gerir uma ligação estreita entre educandos e educadores tornando-se uma empreitada avassaladora, mesmo quando os obstáculos da pobreza e da iliteracia não eram tidos em conta. O resultado foi que as crianças não encontraram na família, força moral que os apoiasse nem adquiriram boas práticas de relacionamento com o próximo e muito menos com os educadores, engrossando o número de crianças com menos de 10 anos a consumirem drogas e se organizarem em bandos para efectivar roubos, ou cometendo os tais «crimes sem sentido e que enchem os espaços informativos dos telejornais, reflectindo a falta de consciência moral. Rapazes e raparigas confederaram-se em bandos com regras rígidas e estreitas.
Foram ELES e não os primeiros-ministros que reinventaram os governos, e quando acrescentaram a este fanatismo algo de satânico não deslindaram a religião mas redescobriram com certeza o ritual. Outros bandos ainda mais numerosos e executores de «graffitis» «borraram» os muros e as praças clássicas; representações vivas da nossa história, seguindo o rumo da arte descartável e predispostos e talhados a eliminar e destruir: o meio, o método e a cultura.