
A Romanização
A conquista Romana da Península Ibérica e a consequente romanização aconteceram entre o ano 218 a.C. e o ano 27 a.C., divididos em cinco períodos. Num primeiro período, os Lusitanos, sentindo o perigo imperial romano aliaram-se aos Cúnios, aos Turdetanos e aos Celtas povos já estabelecidos na península. O ardil do pastor e a desconfiança inata dos autóctones sucumbe à eficiência das tropas mercenárias imperiais. O pastor faz guerra se for necessário, o mercenário faz guerra por ser sua profissão e a isso ser obrigado. O segundo período inicia-se com a obrigação dos Lusitanos se estruturarem militarmente, de forma a rechaçar o invasor, já que vencer Roma era impossível. Foi então que nos montes Hermínios se organizou a resistência liderada por Viriato, sem grandes consequências práticas pois viria a ser assassinado antes de concluir o projecto, deixando os Lusitanos sem chefe militar. O terceiro período começa com a vitória de Décimo Júnio Bruto derrotando as hordas pastoris e bucólicas dos lusitanos, malogradas que foram as formas de guerrilha utilizadas. Os castros não sendo redutos militares nem vocacionados para estes efeitos foram pouco a pouco desmantelados pelas forças invasoras. Há, no entanto, um certo ludismo bélico e Sertório, chefe romano abandona as suas hostes, junta-se aos Lusitanos tomando o vazio directivo deixado com a morte de Viriato iniciando-se, assim, o quarto período. Esta fase, apesar das qualidades de chefia e poder organizativo de Sertório, acabam por claudicar e morrer como diria Orósio, "às mãos dos seus". O quinto período ocorre com a vinda de Júlio César e a pacificação geral da Lusitânia, com a proclamação da «pax romana» que na terminologia bélico-imperial significava: conquista «castra expugnata». Vencido o opositor Roma tem a paz, entre os anos 75 e 25 a.C. Sistematicamente, na Península, tudo muda e os castros são substituídos pelas «urbs», «oppidum», «vicus», os agricultores subjugados são fixados nas «villae rusticae» cuidando do sustento às «villae urbanae» que os patrícios romanos tinham para seu prazer, alterando significativamente o ordenamento do território, sendo para os peninsulares a aplicação do Direito Romano um choque dramático, pois ao introduzirem o conceito de ocupação individualista esbarravam nos princípios colectivos e comunitários existentes.
Os Lusitanos agrupavam-se em comunidades agrárias de base familiares regidas por regulamentos simples. O Direito romano é complexo e global, imperial, opondo-se ao direito local e localista assente no relacionamento de pessoa para pessoa, transformando tudo em «respublica res romanae» assuntos do povo Romano havendo no império três tipos de pessoas não abrangidas por este Direito; as «hostes» tidas como inimigas de Roma, os «barbari» sem qualquer relação de direito com os romanos; por fim os «peregrini», vendedores, comerciantes, gente estranha ao Império que se encontrava em trânsito. O município foi instrumento de nova ordem e constituiu um dos maiores veículos para a romanização fosse ele cultural, social, politico ou administrativo. As vias na península são alargadas e empedradas tendo como único sentido Roma, ponto de confluência de toda a riqueza do império e três províncias são criadas na península: Lusitânia mas sem a cabeça bracaro-galaica; a Tarraconense envolvendo a região galaico-bracarense, e a Bética, envolvendo o sudoeste peninsular. Eram as duas primeiras de jurisdição imperial e a terceira, província de Jurisdição do senado. As províncias foram subdivididas em «conventus» das quais consideramos somente no território Lusitano aqueles que nos respeitam: O Emeritense, capital Mérida ou Emerita; o Pacense, sediado em Beja, «Pax Júlia»; o Scalabitano, sediado em Santarém, «Scalabis» e mais outras seis, na província Tarraconense e «Hispalis», com mais três conventos, na província Bética. Deste modo a antiga Lusitânia foi repartida em cinco conventus, alheados administrativamente da unidade étnica e, só dois deles, absolutamente adentro das portas lusitanas: Beja e Santarém. O mais da Lusitânia antiga foi sujeita a Mérida e Tarragona Na Lusitânia, excluindo a norte os Brácaros, permanecendo apenas os povos «Aquiflavienses», Trás-os-Montes, «Interamnicos», Entre Douro e Minho, «Limicos», Ribeira Lima; «Tamacanos», Douro, os «LUCIENSES OPIDANUS», Aquém Côa ou TRANCOSANOS,» Lucienses Transcudanos, Riba Côa; ao «Egiditanos», Egitânia, os «Meidubrigenses» do Marvão e, por fim, os povos da zona algarvia, ou seja, os celtas mesopotâmicos e os cúnios. VALE DE LOBO O rol dos onze povos lusitanos colaboradores da ponte romana de Alcântara (Espanha), edificada no começo do século II, abria, segundo uma inscrição que na mesma ponte se via, pelo povo dos Igaeditanos, o mais próximo do edifício em questão e aí ocupante, na margem direita do Tejo e terminava pelo povo dos Paesures, na margem esquerda do Douro, adentro da Lusitânia originária.
O segundo povo da referida relação e imediatamente a norte dos Igaeditanos era o dos Lancienses Oppidanos , centrados em Lancia Oppidana, (Senhora da Póvoa), a norte da Civitas Igaeditanorum, designação autonomástica e então costumada, da actual povoação de Idanha-a-Velha, no concelho de Idanha-a-Nova.
A arqueologia romana adensa-se no aro de Idanha-a-Velha, em círculos concêntricos de cada vez mais apertados à medida que nos aproximamos do centro. É este um dos três focos latino-arqueológicos da Beira Baixa, dos quais os outros dois são a Serra d’Opa, na extremidade noroeste do concelho de Penamacor, e a vila de Marialva, no concelho de Meda. A Este podemos juntar a velha Numão, sobre o Douro. Lancia Oppidana era um Oppidum lusitano dos Vetões, a nação mais oriental da província da Lusitânia. Jazem os seus restos 18 km a noroeste de Penamacor e nas imediações daquela impressionante vila de Sortelha.
Tem sido até hoje um árduo problema a determinação do Ubi de Lancia Oppidana que, por muito tempo, quiseram em Viseu, outros na Guarda e até na localidade da Capinha, no concelho do Fundão. Por nossa parte a fomos colocar em Valhelhas, concelho de Belmonte, por motivo da adensação arqueológica do local e, sobretudo, por motivos dos caminhos romanos que ali cruzavam, com ostensivas colunas miliárias cujas distâncias se relacionam com Valhelhas.
Tudo de parte, a centração arqueológica de maior volume depois da Idanha e imediatamente a norte é, incontestavelmente, em variedade como em extensão, a Serra d’Opa no aro da freguesia de vale de Lobo que ora mandam se chame, Vale da Senhora da Póvoa, por ser nesta freguesia o santuário famoso da Senhora da Póvoa, de muita antiguidade e romanidade.
A área arqueológica de Vale de Lobo é delimitada por serras altas das quais a principal, a de Opa, ergue o dorso a 861 metros. Esta serra possui a extensão de 6 Kms. De nordeste a sudoeste, e encurvada sobre o poente, com concavidade sobre o nascente, na qual se aloja, sossegado, o Santuário da Senhora da Póvoa, nome tirado de um povoado de origem romana que ali existira a poucas centenas de metros, e ainda agora conhecido por sítio da Póvoa. Dali se retiram objectos da época romana, vendo-se o chão juncado de fragmentação de tegula e imbrex, sobretudo na propriedade ou Campo do Peão. A maior altitude da Serra domina este lugar, o qual se encontra entre o Santuário e Vale de Lobo, à beira de um caminho de profundíssimo sulco que procede da clássica travessia do Zêzere, em Alcaria e se desenvolve para o Sabugal. A cumieira da Serra d’Opa ostenta três cidadelas de antiguidade indeterminada: a nordeste, o cimo de Opa, circundado de muralha circular com aproximado diâmetro de 100 metros. Ao centro, do dorso vê-se outra cidadela redonda, também com diâmetro de 100 metros. É ao sítio das Vendas dos Vinhos e Enferrujados. A sudoeste, na outra extremidade da Serra, vê-se outra muralha do mesmo tipo, também circular e também de pedra solta com entremeados de cantaria a pino para maior solidez. Terá 50 metros de diâmetro. Chamam-lhe aqui Sortelha Velha, dizendo-a precursora da Vila e Castelo de Sortelha que, todavia, se acha a cerca de 9 Kms ao norte. O sinal geodésico de Sortelha Velha dá-lhe a altitude de 632 metros. Há vários alcariais romanos, ou sítios de dispersão de tegula na base da Serra d’Opa e pelo campo que todos de conjunto, com as três cidadelas do alto, constituíam Lancia Oppidana. Os lancienses aravam o fértil campo e extraíam minério da sua serra, rica ainda hoje em estanho e volfrâmio. A localidade de Vale de Lobo, como outras alcariais adjacentes, oferecem impressionante quantidade de jorra de ferrarias, a que localmente chamam chichorro. São vestígios de explorações romanas. De entre os escourais e alcariais de tegula e imbrex mencionamos na freguesia de Vale de Lobo os sítios da Serrinha, Peão, Lameira Mourisca, etc. Eram as romanas villae (quintas) de Lancia Oppidana. A vila de Sortelha situa-se entre duas altas montanhas cónicas, do tipo SACRO, que são a Serra d’Opa a sul e a serra de S. Cornélio a norte. Na serra d’Opa assinalam-se construções romanas, atribuídas a mouros, em vasta rede estendida para o sul até ao Santuário da Senhora da Póvoa, afamado santuário de muitas tradições mouriscas, com festividades caracterizadas por danças e adufes. São as sobrevivências do oppidum que outrora floresceu na Serra d’Opa, de que há restos em toda a circunferência da serra e no alto. Precedeu a fundação de Sortelha, vila muito antiga, uma das mais impressionantes vilas da província da Beira. Opa, Senhora da Póvoa e Sortelha, constituindo o cantão arqueológico de maior densidade do Cima Côa, são reminiscências do oppidum LANCIA ou LANCIA OPPIDANA, cujo território se estendia para sul até Monsanto, onde entrava em contacto com Igaeditanos e augustobricenses. Para a banda do norte e ao de lá de Sortelha vai a estrada em direcção à Guarda donde desce a fundo sobre o Mondego e onde Lancia Oppidana entraria em contacto com os lancienses transcudanos de Gouveia e Seia, com os Tálures de Viseu e com os Interamnienses de Trancoso e Moreira do Rei. A estrada sai de Sortelha, levando o serro de S. Cornélio à direita e seguindo os lugares de Pena Lobo, Pousafoles, Panoias, Castro de Tentinolho (de algum modo precursor lusitano da Guarda). Jaz o velho castro a grande altura sobre o Porto da Carne onde o Mondego é transposto pela Estrada Nacional nº 17, com rumo imediato a Celorico da Beira. Há inscrições funerárias de Idanha-a-Velha respeitantes a indivíduos aqui falecidos, oriundos de Lancia Oppidana uns, do Interamnium ou Titeramnium, outros.
A conquista Romana da Península Ibérica e a consequente romanização aconteceram entre o ano 218 a.C. e o ano 27 a.C., divididos em cinco períodos. Num primeiro período, os Lusitanos, sentindo o perigo imperial romano aliaram-se aos Cúnios, aos Turdetanos e aos Celtas povos já estabelecidos na península. O ardil do pastor e a desconfiança inata dos autóctones sucumbe à eficiência das tropas mercenárias imperiais. O pastor faz guerra se for necessário, o mercenário faz guerra por ser sua profissão e a isso ser obrigado. O segundo período inicia-se com a obrigação dos Lusitanos se estruturarem militarmente, de forma a rechaçar o invasor, já que vencer Roma era impossível. Foi então que nos montes Hermínios se organizou a resistência liderada por Viriato, sem grandes consequências práticas pois viria a ser assassinado antes de concluir o projecto, deixando os Lusitanos sem chefe militar. O terceiro período começa com a vitória de Décimo Júnio Bruto derrotando as hordas pastoris e bucólicas dos lusitanos, malogradas que foram as formas de guerrilha utilizadas. Os castros não sendo redutos militares nem vocacionados para estes efeitos foram pouco a pouco desmantelados pelas forças invasoras. Há, no entanto, um certo ludismo bélico e Sertório, chefe romano abandona as suas hostes, junta-se aos Lusitanos tomando o vazio directivo deixado com a morte de Viriato iniciando-se, assim, o quarto período. Esta fase, apesar das qualidades de chefia e poder organizativo de Sertório, acabam por claudicar e morrer como diria Orósio, "às mãos dos seus". O quinto período ocorre com a vinda de Júlio César e a pacificação geral da Lusitânia, com a proclamação da «pax romana» que na terminologia bélico-imperial significava: conquista «castra expugnata». Vencido o opositor Roma tem a paz, entre os anos 75 e 25 a.C. Sistematicamente, na Península, tudo muda e os castros são substituídos pelas «urbs», «oppidum», «vicus», os agricultores subjugados são fixados nas «villae rusticae» cuidando do sustento às «villae urbanae» que os patrícios romanos tinham para seu prazer, alterando significativamente o ordenamento do território, sendo para os peninsulares a aplicação do Direito Romano um choque dramático, pois ao introduzirem o conceito de ocupação individualista esbarravam nos princípios colectivos e comunitários existentes.
Os Lusitanos agrupavam-se em comunidades agrárias de base familiares regidas por regulamentos simples. O Direito romano é complexo e global, imperial, opondo-se ao direito local e localista assente no relacionamento de pessoa para pessoa, transformando tudo em «respublica res romanae» assuntos do povo Romano havendo no império três tipos de pessoas não abrangidas por este Direito; as «hostes» tidas como inimigas de Roma, os «barbari» sem qualquer relação de direito com os romanos; por fim os «peregrini», vendedores, comerciantes, gente estranha ao Império que se encontrava em trânsito. O município foi instrumento de nova ordem e constituiu um dos maiores veículos para a romanização fosse ele cultural, social, politico ou administrativo. As vias na península são alargadas e empedradas tendo como único sentido Roma, ponto de confluência de toda a riqueza do império e três províncias são criadas na península: Lusitânia mas sem a cabeça bracaro-galaica; a Tarraconense envolvendo a região galaico-bracarense, e a Bética, envolvendo o sudoeste peninsular. Eram as duas primeiras de jurisdição imperial e a terceira, província de Jurisdição do senado. As províncias foram subdivididas em «conventus» das quais consideramos somente no território Lusitano aqueles que nos respeitam: O Emeritense, capital Mérida ou Emerita; o Pacense, sediado em Beja, «Pax Júlia»; o Scalabitano, sediado em Santarém, «Scalabis» e mais outras seis, na província Tarraconense e «Hispalis», com mais três conventos, na província Bética. Deste modo a antiga Lusitânia foi repartida em cinco conventus, alheados administrativamente da unidade étnica e, só dois deles, absolutamente adentro das portas lusitanas: Beja e Santarém. O mais da Lusitânia antiga foi sujeita a Mérida e Tarragona Na Lusitânia, excluindo a norte os Brácaros, permanecendo apenas os povos «Aquiflavienses», Trás-os-Montes, «Interamnicos», Entre Douro e Minho, «Limicos», Ribeira Lima; «Tamacanos», Douro, os «LUCIENSES OPIDANUS», Aquém Côa ou TRANCOSANOS,» Lucienses Transcudanos, Riba Côa; ao «Egiditanos», Egitânia, os «Meidubrigenses» do Marvão e, por fim, os povos da zona algarvia, ou seja, os celtas mesopotâmicos e os cúnios. VALE DE LOBO O rol dos onze povos lusitanos colaboradores da ponte romana de Alcântara (Espanha), edificada no começo do século II, abria, segundo uma inscrição que na mesma ponte se via, pelo povo dos Igaeditanos, o mais próximo do edifício em questão e aí ocupante, na margem direita do Tejo e terminava pelo povo dos Paesures, na margem esquerda do Douro, adentro da Lusitânia originária.
O segundo povo da referida relação e imediatamente a norte dos Igaeditanos era o dos Lancienses Oppidanos , centrados em Lancia Oppidana, (Senhora da Póvoa), a norte da Civitas Igaeditanorum, designação autonomástica e então costumada, da actual povoação de Idanha-a-Velha, no concelho de Idanha-a-Nova.
A arqueologia romana adensa-se no aro de Idanha-a-Velha, em círculos concêntricos de cada vez mais apertados à medida que nos aproximamos do centro. É este um dos três focos latino-arqueológicos da Beira Baixa, dos quais os outros dois são a Serra d’Opa, na extremidade noroeste do concelho de Penamacor, e a vila de Marialva, no concelho de Meda. A Este podemos juntar a velha Numão, sobre o Douro. Lancia Oppidana era um Oppidum lusitano dos Vetões, a nação mais oriental da província da Lusitânia. Jazem os seus restos 18 km a noroeste de Penamacor e nas imediações daquela impressionante vila de Sortelha.
Tem sido até hoje um árduo problema a determinação do Ubi de Lancia Oppidana que, por muito tempo, quiseram em Viseu, outros na Guarda e até na localidade da Capinha, no concelho do Fundão. Por nossa parte a fomos colocar em Valhelhas, concelho de Belmonte, por motivo da adensação arqueológica do local e, sobretudo, por motivos dos caminhos romanos que ali cruzavam, com ostensivas colunas miliárias cujas distâncias se relacionam com Valhelhas.
Tudo de parte, a centração arqueológica de maior volume depois da Idanha e imediatamente a norte é, incontestavelmente, em variedade como em extensão, a Serra d’Opa no aro da freguesia de vale de Lobo que ora mandam se chame, Vale da Senhora da Póvoa, por ser nesta freguesia o santuário famoso da Senhora da Póvoa, de muita antiguidade e romanidade.
A área arqueológica de Vale de Lobo é delimitada por serras altas das quais a principal, a de Opa, ergue o dorso a 861 metros. Esta serra possui a extensão de 6 Kms. De nordeste a sudoeste, e encurvada sobre o poente, com concavidade sobre o nascente, na qual se aloja, sossegado, o Santuário da Senhora da Póvoa, nome tirado de um povoado de origem romana que ali existira a poucas centenas de metros, e ainda agora conhecido por sítio da Póvoa. Dali se retiram objectos da época romana, vendo-se o chão juncado de fragmentação de tegula e imbrex, sobretudo na propriedade ou Campo do Peão. A maior altitude da Serra domina este lugar, o qual se encontra entre o Santuário e Vale de Lobo, à beira de um caminho de profundíssimo sulco que procede da clássica travessia do Zêzere, em Alcaria e se desenvolve para o Sabugal. A cumieira da Serra d’Opa ostenta três cidadelas de antiguidade indeterminada: a nordeste, o cimo de Opa, circundado de muralha circular com aproximado diâmetro de 100 metros. Ao centro, do dorso vê-se outra cidadela redonda, também com diâmetro de 100 metros. É ao sítio das Vendas dos Vinhos e Enferrujados. A sudoeste, na outra extremidade da Serra, vê-se outra muralha do mesmo tipo, também circular e também de pedra solta com entremeados de cantaria a pino para maior solidez. Terá 50 metros de diâmetro. Chamam-lhe aqui Sortelha Velha, dizendo-a precursora da Vila e Castelo de Sortelha que, todavia, se acha a cerca de 9 Kms ao norte. O sinal geodésico de Sortelha Velha dá-lhe a altitude de 632 metros. Há vários alcariais romanos, ou sítios de dispersão de tegula na base da Serra d’Opa e pelo campo que todos de conjunto, com as três cidadelas do alto, constituíam Lancia Oppidana. Os lancienses aravam o fértil campo e extraíam minério da sua serra, rica ainda hoje em estanho e volfrâmio. A localidade de Vale de Lobo, como outras alcariais adjacentes, oferecem impressionante quantidade de jorra de ferrarias, a que localmente chamam chichorro. São vestígios de explorações romanas. De entre os escourais e alcariais de tegula e imbrex mencionamos na freguesia de Vale de Lobo os sítios da Serrinha, Peão, Lameira Mourisca, etc. Eram as romanas villae (quintas) de Lancia Oppidana. A vila de Sortelha situa-se entre duas altas montanhas cónicas, do tipo SACRO, que são a Serra d’Opa a sul e a serra de S. Cornélio a norte. Na serra d’Opa assinalam-se construções romanas, atribuídas a mouros, em vasta rede estendida para o sul até ao Santuário da Senhora da Póvoa, afamado santuário de muitas tradições mouriscas, com festividades caracterizadas por danças e adufes. São as sobrevivências do oppidum que outrora floresceu na Serra d’Opa, de que há restos em toda a circunferência da serra e no alto. Precedeu a fundação de Sortelha, vila muito antiga, uma das mais impressionantes vilas da província da Beira. Opa, Senhora da Póvoa e Sortelha, constituindo o cantão arqueológico de maior densidade do Cima Côa, são reminiscências do oppidum LANCIA ou LANCIA OPPIDANA, cujo território se estendia para sul até Monsanto, onde entrava em contacto com Igaeditanos e augustobricenses. Para a banda do norte e ao de lá de Sortelha vai a estrada em direcção à Guarda donde desce a fundo sobre o Mondego e onde Lancia Oppidana entraria em contacto com os lancienses transcudanos de Gouveia e Seia, com os Tálures de Viseu e com os Interamnienses de Trancoso e Moreira do Rei. A estrada sai de Sortelha, levando o serro de S. Cornélio à direita e seguindo os lugares de Pena Lobo, Pousafoles, Panoias, Castro de Tentinolho (de algum modo precursor lusitano da Guarda). Jaz o velho castro a grande altura sobre o Porto da Carne onde o Mondego é transposto pela Estrada Nacional nº 17, com rumo imediato a Celorico da Beira. Há inscrições funerárias de Idanha-a-Velha respeitantes a indivíduos aqui falecidos, oriundos de Lancia Oppidana uns, do Interamnium ou Titeramnium, outros.
(Mário Saa – As Grandes Vias )
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