Oito horas, partimos se não arrostássemos nenhum contratempo chegaríamos a Lisboa às onze bem a tempo de cumprirmos com êxito a nossa missão, hoje ir à capital era um instantinho longe iam os tempos em que tal viagem ganhava talhes de desafio: fazer as curvas de Nisa, bordejar o Tejo nos estreitos e aziagos caminhos de Constança, serpentear a serra de Santa Margarida… Ufa… velhos tempos. Ia eu comentando com a minha companheira de viagem estas adversidades ao mesmo tempo que me deleitava enxergando-a nos seus pequenos gestos, cogitava: a maquilhagem que tinha sido inventada para que as mulheres a usassem, Mónica usava-a com graciosidade, o cabelo cortado `` à rapazinho ´´ ostentava o pescoço altivo, rubente e troncudo mas firme qual pilar de mármore rosato. Algumas gelhas do rosto, que ela a custo tentava camuflar não lhe tiravam a beleza, pelo contrário eram feridas e testemunhos de guerra, provas irrefutáveis de fogosidade e entusiasmo que punha pela vida, era uma mulher madura não era ventania nem impetuosidade púbere mal sazonada. Mostrava segurança sem se precipitar falava no tempo certo, sem enfeitiçar encantava, sensível era ao mesmo tempo guerreira na sua feminilidade. O tempo corria desgovernado tal a paisagem parecia chispar-se do ponto de fuga perspectivado do capôt da viatura que cortava… cortava…e azulava sem quietação.
terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
MEIMOA
Sob um céu ensimesmado por um não sei quê de angústia e renúncia a pequena aldeia da Meimoa agarrada á encosta de São Domingos revela-se entrecortada por um sem número de quelhas e vielas de corpo xistoso mal ajaezado e telhados parecendo um mar revolto de telhas e empenas, mostra ufana, os beirais em granito aparelhado onde nas tardes solarengas homens e mulheres acocoradas espreitam o declinar do sol no pináculo branco-sujo da Estrela. Estáticos olham o mundo de longe só acreditando naquilo que fazem; elas guardam a vida e o espaço da casa, eles são os guardiões severos do chão da idade e do seu gado. Afaveis e risonhos aparentam tranquilidade por fora – mas dizem palavras tão angustiadas e tem o espírito tão oprimido que o mais certo é o fado lhes ter cagádo macerado e desengranzado a existência ou ter-lhes rogado peçonha
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