Iniciaram, com parte do concerto para trompete de J. Haydin, foi de loucos ouvir e sentir aquela «corneta» mágica brunindo as labaredas e rasgando empertigada as trevas acompanhada pelo feitiço enleante do violino e o carpido umas vezes terno, outras visceral e agressivo do saxofone. De costas voltadas e enquadrados nas ruínas de um vetusto e muito respeitável templo considerando as «latinagens» impressas em relevo nas ombreiras graníticas e esboroadas, por certo, ponto de paragem para rezas e orações, de quem nada ou quase nada tinha de alacridades e aconchegos e lhes sobrepujavam canseiras e angústias, e crerem serem estas adversidades salvo-conduto para uma vida extra-terrestre plena de gozo e bem-estar, postaram-se os músicos na penumbra esbatida pelo fulgor imanente e narcótico das chamas, mostrando-se-nos envoltos numa belida diáfona, gasosos e vaporosos parecendo adejar ao som mavioso e compassivo dos instrumentos, caixinhas secretas e melódicas, de inegável perfeição e requinte, deslembrando a melopeia pranteada pela ribeira no seu curso embutido na barroca.
Finalizaram com os sempiternos jazz-mens John Coltrane, Miles Davis, e Dizzy Gillespie. Já o brasido se desvanecia em borralho mortiço e aurora tentava a custo romper e apagar os restos da noite e ainda o Pipas de gázeos esbugalhados e enovelados batia palmas tentando instigar os desvanecidos e esfalfados menestréis que reclamavam o melífluo e íntimo dos seus sacos-cama.
Um a um, quais «zombies», mais mortos do que vivos, com o cortiço dolente e o engenho nas nuvens, recolhemos, ainda os timbres ribombavam latejantes nas têmporas das nossas carolas.